FAUTE
Posted bySinto uma estranha necessidade de culpar. Preciso apontar meu austero indicador para aqueles que fizeram não dar certo. Preciso culpar a vida quando não há ninguém para justificar o fracasso. No fim, mitifico a fama do azar para me eximir de toda a responsabilidade.
É preciso ter ombros fortes para carregar o fardo ou apenas a destreza de esquivar-se. Algumas culpas você pode carregar na bolsa, sem se incomodar, mas existem tamanhas culpas que te carregarão pelo resto da vida.
O arrependimento mira a culpa contra nossos travesseiros e impede-nos de dormir. A obssessividade de olhar para o teto será o atalho para adormecer ou apenas uma maneira de prestar atenção enquanto a culpa cresce dentro de si?
A culpa sempre está escondida na dualidade do nosso cotidiano, seja na sombra do fazer ou não fazer ou nas entrelinhas do dizer ou não dizer. Ela está em cada palavra escrita na carta que nunca foi enviada ou que acabou sendo lida.
Ela está em todo lugar, espalhada pelo chão da sala ou impregnada nas nossas opções. Não posso deixá-la me consumir ao ponto de me culpar por ter culpa. Preciso começar a me des-culpar.
3 comentários:
Em silêncio [...]
Dudu, meu Deus do céu! Eu lhe encontrei por aqui e a uma de minhas faces jaquetícias...lembrei daquela canção "culpa de estimação" de Cazuza:
"É a minha companheira inseparável
Sua fidelidade é incomparável
E me perdoa por não ter razão
A minha culpa de estimação."
Eu deveria ter tentado mais convivência com você, Ilana e todos que vivem nesse indescritível mundo da literatura...Eu confesso a minha culpa - mea culpa, Pater Noster ora pro nobis!
Como senti falta de ler essas coisas belas.
"A culpa sempre está escondida na dualidade do nosso cotidiano"
Minha culpa, ter ficado longe daqui =D
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