DIAS CINZENTOS.
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Em dias nublados, o vento costuma soprar as mágoas
escondidas atrás dos olhos. Logo, elas descobrem que a superfície do rosto
parece tão sereno quanto um campo vasto, e nenhuma mais aceita a prisão
apertada da garganta.
Nesses vãos, as nuvens impedem que o termômetro
marque os mesmos graus rotineiros, faz com que as ausências sejam acentuadas.
Os apertos de mãos e sorrisos padrões tornam-se péssimas ilustrações de um
livro de boas maneiras.
Quando, finalmente, a noite chega para lhe
tirar as amarras em formas de ponteiro, você percebe que a solidão vem lhe
acompanhar. Ela jaz em sua frente, única testemunha dos seus lamentos, e fica
ali, a cortar madrugada e ater-se a seu corpo para lhe proteger de qualquer
companhia.
Em dias cinzentos, as pálpebras pesadas selam o dia muito
depois do seu fim. Talvez, esperando que o calor retorne no romper da manhã e
empurre de volta as lágrimas para debaixo dos cílios úmidos.
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