Epílogo
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Pela primeira vez, o
símbolo de uma porta aberta significou a derrota. Sem a maçaneta para girar, o
inesperado não me reservava mais surpresas. Fiz do sussurro uma escotilha, mas
a luz te escondeu de mim.
Os lábios umedeceram
procurando novamente o ‘mas’, seguido de apelos infundados. Eles ainda relutaram
em aceitar os termos de rendição, porém num arremate silencioso selaram essa
história sem começo.
À noite, os olhos
vestiram as lágrimas reservadas para aquele momento. Dessa vez as mãos apenas
fecharam-se em torno de si, numa solidão mórbida. Já não havia mais nada para
alcançar com as pontas dos dedos!
Os passos repousavam
derrotados, não precisavam andar em círculos procurando uma entrada, pois a
porta aberta mantinha-os à distância. Vencidos pela transparência, os pés
estavam no encalço das sombras novamente, longe de tudo.
Somente a pele – que
eriça desejo ao toque dela – ainda mantém viva a esperança de um último afago. Porém,
igual a uma viúva de um marinheiro náufrago, resta-lhe olhar para o vazio do
horizonte.