INTERDIT
Posted byO Proibido sempre foi atraente. Mesmo quando pequeno, tinha um discurso encantador, palavras soavam a espera de um momento de distração para lhe convencer. Ao correr do tempo, ele muda, mas sempre está lá, em algum lugar escondido, irrequieto, pronto para ser desvendado.
Aprendi a olhar o Proibido pela janela todos os dias. Confesso: era meu vício perceber suas promessas a uma distância segura. Eu nunca te convidei para entrar, mas você encontrou a porta entre aberta e levianamente deixou-se ficar.
Não tive forças para te expulsar, será que eu queria te tirar dali? Sentamos no sofá, meus olhos fixavam o assoalho de madeira, o receio de descobrir a cor dos seus olhos me eriçava a pele.
Mordi os lábios para evitar a fuga de palavras que me arrancaria a máscara. Comecei a perceber que o Proibido também era impaciente ao passo que se aproximava. Ele agora exigia pressa, bateu na mesa e expôs desejos pelo tapete.
Ele nunca esteve tão perto. Não podia mais colocá-lo de volta a vista da janela. Querer-te não era mais uma questão de controle, era necessidade. Roubei-lhe para meus braços e nunca me senti tão vulneravelmente completo.
Na manhã seguinte, você ainda estava perto, não me prendia mais. Dei alguns passos amargos em direção à janela e novamente a vista tornara-se atraente.